terça-feira, 15 de maio de 2012

Não há um muro no fim da rua


Vou contar uma história que, preciso dizer, é totalmente fictícia, juntando experiências que vi e vivi, mas não se refere a nenhuma pessoa particularmente, porque pode se referir a muitas.

J. nasceu numa família evangélica, amado por seus pais.
Seus pais, no entanto, tinham uma visão de Deus como alguém a ser temido. A igreja deles reforçava o conceito, aprendido na geração anterior.
O garoto cresceu com medo de Deus, da ira de Deus, do castigo de Deus, do humor de Deus, da disciplina de Deus. O garoto não aprendeu a amar a Deus.
Adolescente, percebeu que Deus nem sempre castigava e que podia fazer o que bem entendesse. Fez e nada aconteceu.
Fez e não teve medo, mas também não encontrou a alegria que imaginava estar do outro lado da fé.
Fez uma viagem de volta e descobriu a graça, que não conhecera antes.
Na graça, descobriu que era amado por Deus não pelo que fazia, mas pelo que era.
Gostou. Sorriu. Maravilhou-se.
Depois, no entanto, J. ficou com medo. A liberdade da graça lhe dava medo, por não saber o que fazer com ela.
A liberdade é algo tão fascinante que gera medo.
Não há quadrados riscados no chão para nos limitar.
Não há um muro no fim da rua para nos impedir de passar.
A música não é para ser cantada com o rosto crispado.
Amar ao próximo não é uma obrigação, mas um convite.
Quem ama a Deus não é escolhido por suas obras, embora seja escolhido para fazer boas obras.
(Créditos:ISRAEL BELO DE AZEVEDO)